24 peixes-leões são capturados em apenas dois dias, em Fernando de Noronha


Uma operação especial realizada em Fernando de Noronha no último final de semana pela empresa de cursos de mergulho Sea Paradise resultou no avistamento de 30 peixes-leões e na captura de 24 deles. Após a chegada da espécie Pterois volitans – invasora e exótica -, ao arquipélago brasileiro, depois de passarem por treinamento, operadoras de turismo também se juntaram à equipe do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para retirar o maior número possível desses peixes do mar.

Desde que o primeiro peixe-leão foi encontrado em Noronha, em dezembro de 2020, já foram coletados 154 indivíduos.

Nativo dos Oceanos Índico e Pacífico, o peixe-leão é um predador. Em seu habitat natural, ele é controlado pela cadeia alimentar, onde é presa de espécies de garoupas e até por tubarões. Mas longe desses inimigos, se reproduz rapidamente e sem controle. Uma fêmea pode colocar até 2 milhões de ovos por ano.

Além disso, o peixe-leão tem espinhos que possuem um toxina. Em contato com a pele humana pode provocar inchaço, vermelhidão, febre e até convulsões.

Proliferação pelo litoral brasileiro

No Brasil, o primeiro registro da espécie aconteceu em 2014, no litoral de Arraial do Cabo, Rio de Janeiro. Mas ao longo dos últimos anos, o número de casos vem aumentando, e parece se repetir o que aconteceu no Mar Mediterrâneo e no Caribe, onde houve uma proliferação sem controle da espécie, e ele acabou virando uma praga (leia mais aqui).

Pouco a pouco, o temido peixe tem avançado pelo litoral da região Nordeste. Em abril de 2022, vários deles apareceram em praias do Ceará. O estado entrava na lista de várias outras localidades onde a espécie já estava sendo avistada, como em municípios do Piauí, em recifes da foz do Rio Amazonas, entre o Amapá e Pará.

Mais recentemente, em março deste ano, foi a vez da chegada ao litoral de Pernambuco e há poucas semanas, da Paraíba (veja nesta outra reportagem).

“É a invasão mais rápida que já vi na história do Brasil. Eu estou impressionado, e isso traz uma situação gravíssima”, disse Marcelo Soares, pesquisador do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará, em entrevista ao portal de notícias UOL.

Os peixes-leões coletados estão sendo enviados para o Departamento de Biologia da Universidade Federal Fluminense e para a Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, onde são analisados, dessa maneira é possível entender seu comportamento em Noronha, como por exemplo, velocidade da reprodução, tamanho médio e do que ele tem se alimentado.
Não toque no peixe-leão!

A recomendação de especialistas é que não deve se tocar ou tentar manusear a espécie. Caso alguém aviste ou tenha informações sobre o peixe-leão no Brasil, deve repassar os dados através do SIMAF ou entrar em contato com cientistachefesema@gmail.com.

Pescadores não devem devolvê-lo ao mar e logo que possível, buscar os órgãos competentes e informar o acontecido.

Neste guia elaborado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) você encontra mais dicas e informações.


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